Visão Espírita sobre o acidente da Chapecoense e o desencarne coletivo

A tragédia da Chapecoense, ocorrida em 2016, onde 71 pessoas perderam a vida após o acidente aéreo na Colômbia, gerou um grande impacto emocional em todo o Brasil e no mundo. Como um evento de proporções imensas, envolveu jogadores, comissão técnica e jornalistas, abalando não apenas a cidade de Chapecó, mas também as esferas nacionais e internacionais. A dor da perda coletiva foi imensa, mas do ponto de vista da Doutrina Espírita, é possível compreender este acontecimento sob uma ótica que propõe um entendimento mais profundo sobre a vida, a morte e o fenômeno do desencarne coletivo.

A Doutrina Espírita e a Morte

A visão espírita sobre a morte não é tão simples quanto parece à primeira vista. Segundo Uma imagem simbólica que conecta a dor do luto e a visão espiritual sobre a tragédia da Chapecoense, com a presença de figuras espirituais representando a transição da vida para o plano espiritual., o espírito é imortal e a morte do corpo físico é apenas uma passagem para uma nova dimensão. O espírito continua sua jornada após o corpo deixar de existir, seja para se aprimorar ou para passar por experiências que visam ao seu progresso. No espiritismo, não existe uma concepção de morte como fim, mas como transição, uma etapa dentro de um processo contínuo de evolução.

É importante compreender que a morte física, sob o ponto de vista espírita, é tratada com naturalidade, pois ela não é considerada um fim, mas apenas uma transição para o plano espiritual. Quando se observa a tragédia de um evento como a da Chapecoense, podemos perceber que, para a Doutrina Espírita, o desencarne coletivo não é um fenômeno incomum, embora seja de grande impacto para todos os envolvidos.

O Desencarne Coletivo: O Que a Doutrina Espírita Diz?

O desencarne coletivo é um fenômeno que pode ocorrer em acidentes em grande escala, como desastres naturais, acidentes aéreos, incêndios ou guerras. O espiritismo, apesar de abordar temas como reencarnação e evolução espiritual, também apresenta explicações sobre o desencarne coletivo, onde muitas almas podem, simultaneamente, deixar o plano físico.

De acordo com a Doutrina Espírita, quando muitos espíritos desencarnam de uma só vez, é comum que eles se encontrem no plano espiritual imediatamente após o acidente ou catástrofe. Nesse sentido, a comunicação com esses espíritos pode ser facilitada, pois há uma concentração de pessoas que estão em uma experiência de desencarne similar. No entanto, a forma como cada espírito vivencia esse momento de transição pode ser diferente, dependendo do grau de evolução espiritual de cada um.

Para os espíritos menos evoluídos, o impacto de um desencarne coletivo pode ser intenso, causando confusão ou até sofrimento imediato. Esses espíritos podem não compreender imediatamente a sua nova realidade ou a razão de sua morte. No entanto, o Espiritismo ensina que, com o auxílio de espíritos mais evoluídos ou guias espirituais, essas almas são amparadas para seguir o seu caminho de acordo com o que precisam aprender.

A TV Mundo Maior fez um vídeo falando sobre o acidente da Chapecoense

A Tragédia da Chapecoense Sob a Ótica Espírita

No caso específico da tragédia da Chapecoense, a Doutrina Espírita pode oferecer algumas perspectivas sobre o acontecimento. Primeiramente, deve-se entender que o que ocorreu não foi por acaso, mas está em consonância com a lei de causa e efeito, um princípio básico do Espiritismo. Essa lei ensina que todas as situações da vida, sejam boas ou más, acontecem em função de um processo de aprendizado e evolução espiritual, não sendo resultado de mero acaso.

Embora a tragédia tenha causado dor e sofrimento, é possível considerar que ela também fez parte do processo evolutivo dos envolvidos. Para o Espiritismo, as mortes de todos aqueles passageiros não foram “sem sentido”; pelo contrário, elas foram uma oportunidade de aprendizado para os próprios espíritos desencarnados e para aqueles que ficaram. A dor da perda é imensa, mas cada vida tem um propósito no grande esquema espiritual, e esse evento pode ter sido uma oportunidade de evolução para todos os envolvidos.

De acordo com o que Allan Kardec escreveu em “O Livro dos Espíritos”, a dor tem um papel educativo. Mesmo diante de uma situação de sofrimento coletivo, como a tragédia da Chapecoense, a dor pode ser vista como um processo de crescimento. Para os espíritos desencarnados, esse processo pode envolver reflexões sobre suas atitudes, seus erros e os aprendizados necessários para seu desenvolvimento espiritual. Para os familiares e amigos, a dor pode ser uma oportunidade de superar o apego material e desenvolver qualidades como a paciência, a fé e a resignação.

O Impacto do Desencarne Coletivo

O Espiritismo, embora trate a morte com naturalidade, reconhece que os impactos emocionais de uma tragédia coletiva são profundos. Quando muitos desencarnam ao mesmo tempo, o sofrimento de quem fica é natural. No entanto, a Doutrina Espírita ensina que devemos buscar compreender a morte como uma etapa, e não como um fim. Isso não significa que devemos ser insensíveis ao sofrimento, mas sim que devemos aprender a lidar com ele com sabedoria e equilíbrio.

Espíritos desencarnados em uma tragédia coletiva podem se agrupar no plano espiritual, onde são acolhidos e assistidos por guias espirituais. Para aqueles que ficam, a dor da perda é um convite à reflexão sobre a fragilidade da vida material e à busca de um entendimento mais profundo sobre o sentido da existência.

A Visão Espírita sobre o Futuro dos Espíritos Desencarnados

No que diz respeito ao futuro dos espíritos que desencarnaram na tragédia da Chapecoense, a Doutrina Espírita ensina que cada espírito seguirá o seu caminho de acordo com as suas necessidades evolutivas. Espíritos mais evoluídos terão uma trajetória mais tranquila no plano espiritual, enquanto os menos evoluídos podem precisar de mais tempo para compreender o que aconteceu e para superar o impacto da morte repentina.

De acordo com o que ensina a Doutrina Espírita, os espíritos que estavam mais ligados à materialidade podem precisar de mais tempo de preparação para aceitar sua nova realidade. Esses espíritos são acolhidos e amparados por espíritos mais evoluídos, que atuam como guias espirituais, e seguem um processo de aprendizagem. O tempo necessário para que um espírito se liberte de sua dor e se ajuste ao novo plano depende de sua evolução espiritual.

Conclusão

A Doutrina Espírita oferece uma perspectiva única sobre a tragédia da Chapecoense e o desencarne coletivo. Embora o sofrimento seja inevitável para aqueles que ficam, a visão espírita enfatiza que a morte não é um fim, mas uma transição. O desencarne coletivo, como o que aconteceu naquela trágica noite de novembro de 2016, é um evento que pode ter um profundo significado espiritual, tanto para os desencarnados quanto para os que permanecem. A dor, em última análise, pode ser uma oportunidade de aprendizado e evolução, desde que se procure entender a morte como parte de um ciclo maior de evolução e aprimoramento espiritual.

Essa visão é fundamental para aqueles que buscam compreender a morte e a vida além dela, e ajuda a amenizar o sofrimento ao entender que a vida não termina com a morte do corpo físico, mas continua sua jornada no plano espiritual, em busca de evolução e aprendizado.