Doenças Crônicas e Espiritismo: Entendendo a Visão Espírita sobre a Saúde e o Sofrimento

A abordagem espírita sobre as doenças crônicas vai além das explicações biológicas e médicas, buscando integrar a compreensão do ser humano em sua totalidade: corpo, mente e espírito. Para o Espiritismo, a saúde não é apenas a ausência de doenças físicas, mas sim o equilíbrio entre o corpo material e as dimensões espirituais do ser. Essa perspectiva oferece uma visão ampla sobre o sofrimento humano, incluindo as doenças crônicas, considerando-as não apenas como condições físicas, mas também como fenômenos que envolvem o espírito do indivíduo.

O que são as doenças crônicas?

As doenças crônicas são aquelas condições de saúde que persistem por um longo período, geralmente mais de três meses, e podem causar desconforto contínuo ou até incapacidade permanente. Exemplos incluem diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, artrite, entre outras. Essas condições muitas vezes envolvem a necessidade de acompanhamento contínuo, o uso de medicamentos e uma adaptação constante ao estilo de vida.

No campo da medicina convencional, as doenças crônicas são explicadas por fatores como predisposição genética, hábitos de vida inadequados, processos inflamatórios e outros fatores fisiológicos. Contudo, o Espiritismo propõe uma compreensão mais ampla, integrando aspectos espirituais que podem influenciar o surgimento e a manutenção dessas doenças.

A Doutrina Espírita e a saúde

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec no século XIX, apresenta uma visão do ser humano como sendo composto de corpo, espírito e perispírito (o envoltório semimaterial do espírito). A saúde, segundo o Espiritismo, está relacionada ao equilíbrio entre esses três aspectos. Quando há desarmonia, seja no corpo físico, seja no espírito, surgem as doenças. Essa desarmonia pode ser o reflexo de ações passadas, tanto nesta como em existências anteriores.

A doença, para o Espiritismo, não é vista como um castigo divino, mas como um processo natural que visa promover o aprendizado e a evolução do espírito. De acordo com Kardec, as doenças podem ter causas espirituais, sendo, muitas vezes, o reflexo de desequilíbrios emocionais ou morais. Por isso, a cura não se limita ao tratamento físico, mas envolve também a busca por equilíbrio moral e espiritual.

As doenças crônicas como resultado de desequilíbrios espirituais

De acordo com a visão espírita, as doenças crônicas podem ser vistas como manifestações de desequilíbrios espirituais mais profundos. Esses desequilíbrios podem ter várias origens:

1. Karma e causas espirituais: Muitas doenças crônicas, segundo o Espiritismo, são frutos de ações realizadas em encarnações passadas. O conceito de karma, ou lei de causa e efeito, é fundamental para essa compreensão. Segundo essa lei, os espíritos colhem o que semearam em vidas passadas, o que pode se manifestar em problemas de saúde na vida atual. As doenças crônicas seriam, portanto, uma consequência de escolhas inadequadas no passado, que agora exigem um processo de aprendizado e expiação.
2. Desequilíbrios emocionais e mentais: Outro fator que o Espiritismo aponta como causador de doenças crônicas é o desequilíbrio emocional e mental. O ressentimento, o ódio, a ansiedade constante, o medo excessivo e outros sentimentos negativos são condições que podem enfraquecer o perispírito e afetar o corpo físico. O Espiritismo acredita que os pensamentos e sentimentos do ser humano podem influenciar diretamente a saúde, criando condições para o surgimento de doenças crônicas.
3. Falta de espiritualidade e conexão com o divino: A Doutrina Espírita também defende que a falta de conexão espiritual pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas. Espíritos desencarnados em sofrimento ou em processo de evolução muitas vezes se ligam aos encarnados por meio de fluidos espirituais. Quando o indivíduo se encontra em um estado de afastamento da espiritualidade, ele pode se tornar mais vulnerável a esses influências espirituais negativas, o que pode desencadear doenças no corpo físico.

A cura das doenças crônicas segundo o Espiritismo

A cura de doenças crônicas, de acordo com o Espiritismo, não ocorre apenas através de tratamentos médicos convencionais, embora esses possam ser importantes e necessários. A Doutrina Espírita ensina que a verdadeira cura envolve a transformação do espírito, a reequilíbrio das emoções e a melhoria do comportamento moral.

1. O poder do pensamento e da fé: O Espiritismo enfatiza que a fé é uma ferramenta poderosa de cura. A mente humana tem grande poder sobre o corpo, e as energias que emanam dos pensamentos podem influenciar diretamente a saúde física. A fé, quando bem direcionada, pode auxiliar na cura, seja através da ação de médiuns espíritas ou pela força do pensamento positivo e da oração.
2. Tratamentos espirituais: O Espiritismo possui uma abordagem terapêutica que inclui passes magnéticos, o auxílio de médiuns de cura e o uso de fluidos espirituais. Os passes, que consistem na transmissão de energias espirituais do médium para o paciente, são uma das formas de tratamento sugeridas para ajudar no restabelecimento do equilíbrio energético do corpo e do espírito. No entanto, o Espiritismo não descarta o tratamento médico convencional, mas acredita que a cura verdadeira só ocorre quando corpo e espírito estão em harmonia.
3. Reforma íntima: Para a Doutrina Espírita, a cura espiritual é um dos principais caminhos para a cura física. A reforma íntima, que envolve o autoconhecimento, a prática do perdão, a eliminação de sentimentos negativos e a busca por uma vida mais virtuosa, é considerada fundamental para transformar o espírito e, consequentemente, melhorar a saúde do corpo. O Espiritismo defende que muitas doenças crônicas podem ser atenuadas ou até curadas à medida que o indivíduo evolui espiritualmente.
4. Desafios e aprendizado: O Espiritismo acredita que o sofrimento e as doenças têm um papel educacional no processo de evolução do espírito. As doenças crônicas podem ser vistas como oportunidades para o espírito aprender a lidar com as dificuldades da vida, desenvolver a paciência, a humildade e o desapego. Portanto, a visão espírita do sofrimento relacionado às doenças crônicas não é de punição, mas de um meio de aprendizado e de progresso espiritual.

A visão do Espiritismo sobre a morte e as doenças crônicas

É importante ressaltar que, segundo o Espiritismo, a morte não é o fim da existência, mas apenas uma transição para o plano espiritual. A morte de um corpo físico que sofre com doenças crônicas é entendida como uma libertação do sofrimento material, e o espírito continua sua jornada no mundo espiritual, onde terá novas oportunidades de aprendizado e evolução.

Além disso, o Espiritismo também ensina que a morte não é sinônimo de punição, mas de uma continuidade natural da vida. A vida não se limita à existência terrena, e a visão espírita sobre as doenças crônicas é orientada para o entendimento de que a saúde verdadeira é aquela do espírito, que se reflete em um corpo físico saudável e equilibrado.

Conclusão

A visão espírita sobre as doenças crônicas oferece uma abordagem holística e integrada do ser humano. Ao considerar não apenas o corpo físico, mas também os aspectos espirituais e emocionais, a Doutrina Espírita propõe que as doenças crônicas podem ter causas profundas no espírito, como resultados de desequilíbrios karmáticos ou emocionais. A cura, nesse contexto, envolve mais do que o tratamento físico: ela exige também um processo de transformação espiritual, reforma íntima e a busca pela harmonia entre corpo e espírito.

Embora a medicina convencional tenha um papel essencial no tratamento das doenças crônicas, o Espiritismo enfatiza a importância de um tratamento integral que envolva também a cura espiritual. Nesse processo, a fé, o autoconhecimento, o perdão e a reforma íntima são fundamentais para alcançar a verdadeira cura e evolução do espírito.