As doenças degenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson, têm impactado a vida de muitas pessoas e suas famílias, levantando questões profundas sobre o sofrimento humano e as razões para o surgimento dessas condições. Para os espíritas, a compreensão desses problemas de saúde vai além de uma explicação médica, sendo vista à luz de conceitos espirituais como a reencarnação, a lei de causa e efeito e o processo de evolução moral e intelectual do espírito.
Embora o espiritismo não forneça uma resposta direta sobre a origem específica de doenças como Alzheimer ou Parkinson, ele oferece uma abordagem compreensiva que permite aos espíritas refletirem sobre como essas condições podem ser entendidas dentro do contexto da jornada espiritual. Para isso, é importante analisar a doutrina espírita sob as óticas da reencarnação, da expiação e da prova, que formam a base do pensamento espírita em relação a dificuldades como essas.
O que são doenças degenerativas?
Antes de explorarmos a visão espírita sobre essas condições, é fundamental compreender o que são as doenças degenerativas. O Alzheimer e o Parkinson são doenças que afetam o sistema nervoso e, embora possuam características distintas, ambas são progressivas e envolvem a perda de funções cognitivas e motoras ao longo do tempo.
O Alzheimer, por exemplo, é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda de memória, confusão mental e mudanças de comportamento. Já o Parkinson afeta o controle motor, causando tremores, rigidez muscular e dificuldades de movimento. Ambas as doenças têm um impacto profundo na qualidade de vida, afetando não só os pacientes, mas também seus familiares.

O espiritismo e a compreensão do sofrimento
O espiritismo, baseado nos ensinamentos de Allan Kardec, entende o sofrimento humano como parte do processo de evolução espiritual. A doutrina espírita não vê o sofrimento como algo aleatório ou punitivo, mas sim como uma oportunidade de aprendizado e crescimento para o espírito imortal.
Em sua obra O Livro dos Espíritos, Kardec aborda a questão do sofrimento e das provas que os espíritos escolhem ou enfrentam durante suas encarnações. Para o espiritismo, as dificuldades de ordem física ou psicológica, como as doenças degenerativas, podem ser vistas como provas e expiações. As provas são desafios que o espírito escolhe antes de reencarnar, com o objetivo de aprimorar suas virtudes, enquanto as expiações são situações que surgem como resultado de ações de vidas passadas que precisam ser reparadas.
A reencarnação e as doenças degenerativas
A doutrina espírita acredita firmemente na reencarnação como um processo contínuo de aprendizado e evolução. Quando um espírito reencarna, ele traz consigo as experiências, as virtudes e as dificuldades de vidas passadas, com o objetivo de alcançar um grau maior de perfeição moral e intelectual. No caso das doenças degenerativas, o espiritismo oferece uma visão que pode ser interpretada como uma oportunidade para o espírito expiar erros de existências anteriores ou passar por provas que ajudarão no seu aperfeiçoamento.
Em relação ao Alzheimer e ao Parkinson, o espiritismo não aponta diretamente para causas específicas dessas doenças em termos espirituais, mas pode-se inferir que, dependendo da história do espírito, essas condições possam ser vistas como expiações de atos cometidos no passado. Por exemplo, um espírito que, em uma vida anterior, tenha negligenciado a saúde mental e física ou tenha se envolvido em comportamentos destrutivos para com os outros, poderia reencarnar em uma condição que afetaria seu corpo e mente, como o Alzheimer.
A lei de causa e efeito no espiritismo
No espiritismo, a lei de causa e efeito é fundamental para compreender as dificuldades e as situações que nos são impostas. Segundo essa lei, todas as nossas ações, pensamentos e sentimentos geram consequências, que se manifestam em nossas vidas atuais ou em vidas futuras. A doença degenerativa, então, pode ser uma consequência de ações passadas, não necessariamente no sentido de punição, mas como uma forma de o espírito aprender a lidar com o sofrimento e a reparar ações equivocadas.
No entanto, o espiritismo também nos ensina que as doenças não são exclusivamente causadas por nossos erros passados, mas podem ser uma escolha do espírito para enfrentar uma experiência de aprendizado. O espírito pode escolher passar por uma condição difícil para desenvolver virtudes como a paciência, a resignação e a compaixão. Assim, mesmo que a doença degenerativa pareça um fardo, ela pode ter um significado profundo dentro da jornada de evolução espiritual.
O papel do livre-arbítrio
Embora o espiritismo ensine que a reencarnação e as dificuldades estejam, de certa forma, relacionadas ao aprendizado e à reparação, a doutrina também valoriza o livre-arbítrio do ser humano. O livre-arbítrio é a capacidade de escolher como reagir às situações da vida, incluindo as doenças. Em relação ao Alzheimer, ao Parkinson e outras condições, os espíritas acreditam que, embora a doença seja uma realidade imposta pelo processo de evolução espiritual, como o espírito reagirá a essa dificuldade é uma escolha pessoal.
O espírito, diante de uma doença degenerativa, pode escolher buscar um aprendizado profundo com a situação, desenvolvendo virtudes como a paciência, a humildade e o amor ao próximo, ou pode se revoltar e resistir ao processo, o que pode atrasar seu desenvolvimento espiritual. O livre-arbítrio, portanto, é essencial na maneira como o espírito enfrentará a dificuldade, transformando o sofrimento em uma oportunidade de crescimento interior.
A importância da caridade e do auxílio
A doutrina espírita também enfatiza o papel da caridade e da solidariedade nas relações humanas, principalmente em relação a pessoas que enfrentam doenças como o Alzheimer e o Parkinson. O espiritismo ensina que a verdadeira caridade não é apenas material, mas também emocional e espiritual. Oferecer apoio e compaixão a aqueles que estão passando por dificuldades físicas e mentais é visto como um exercício de amor ao próximo e um caminho para o aprimoramento moral.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec aborda o conceito de caridade e como devemos tratar nossos semelhantes com respeito, dignidade e amor, independentemente da sua condição física ou mental. A ajuda aos enfermos é vista como uma maneira de praticar a verdadeira caridade, sendo um dos meios mais eficazes de trabalhar o espírito em direção à evolução.
Conclusão
A visão espírita sobre doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson, não é simplista e não oferece respostas fáceis, mas coloca essas condições dentro de um contexto espiritual mais amplo. O espiritismo ensina que essas doenças podem ser entendidas como provas ou expiações no processo evolutivo do espírito, e que, através delas, o ser humano tem a oportunidade de desenvolver virtudes como paciência, resiliência e compaixão.
A reencarnação, a lei de causa e efeito e o livre-arbítrio são conceitos-chave que ajudam a compreender essas condições de saúde. Além disso, a caridade e o auxílio mútuo são vistos como formas de transcender o sofrimento e ajudar os outros a lidar com as dificuldades físicas e mentais que fazem parte da jornada de evolução espiritual. O espiritismo, assim, oferece uma visão de consolo e esperança, sugerindo que, apesar das dificuldades que enfrentamos, temos a capacidade de superar qualquer desafio e continuar nossa jornada rumo à perfeição.
